Aneel aplica reajuste médio de 28,8% na conta da Cemig

Atenção! Preparem os bolsos, mais aumento na conta de luz.
Nova alta está prevista para abril
As tarifas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) sofreram reajuste extraordinário médio de 28,8%. O aumento, que entra em vigor nesta segunda-feira, será de 29,1% para alta tensão e de 21,41% para baixa tensão. Para os consumidores residenciais, a conta de luz subirá 21,39%, conforme a concessionária mineira. Este aumento, no entanto, não elimina a revisão anual, prevista para acontecer em abril.
Aneel aplica reajuste médio de 28,8% na conta da Cemig - Foto/divulgação

Segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dos 28,8% aplicados no Estado, 22,6% são referentes a encargos e apenas 6,2% são fruto de elevação do insumo propriamente dita.

O principal impacto no aumento é proveniente da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que banca a universalização da energia elétrica no Brasil. A estimativa é que os consumidores de todo o país devam R$ 22 bilhões desse encargo. No ano passado, essa conta foi bancada com recursos do Tesouro Nacional. Mas neste ano, com a nova política de "realismo tarifário", ele será pago integralmente pelos consumidores. Somente na base da Cemig, a CDE devida soma R$ 2,287 bilhões, segundo os cálculos apresentados pela Aneel.

Já o adicional referente à compra de energia da concessionária mineira, que foi adquirida a preços mais altos por causa do despacho térmico, bateu na casa dos R$ 625,7 milhões. Na audiência pública da agência reguladora, o aumento no valor da energia comprada foi justificado também com a elevação dos custos de Itaipu. A energia dessa hidrelétrica é alocada na forma de cotas às distribuidoras que atuam nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e representa aproximadamente 20% da compra de energia dessas concessionárias. As tarifas de Itaipu foram reajustadas em 46% em 2015 por causa do cenário hidrológico adverso.

A Cemig informou, em nota, que a nova tarifa ficará em vigor até o dia 7 de abril, quando a companhia passará por um reajuste tarifário ordinário, previsto no contrato de concessão, e novas tarifas serão publicadas.

Impactos - Para os setores de comércio e serviços, a alta traz reflexos diretos e indiretos, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci. Diretamente, a elevação vai aumentar os custos da atividade. E, indiretamente, provocará a redução da demanda, uma vez que os consumidores terão uma parcela mais representativa do salário comprometida com pagamento da conta de energia. Dessa forma, passarão a economizar. Além disso, a indústria deverá repassar os custos para os produtos, que chegarão mais caros ao comércio.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Junior, definiu o aumento como "escorchante". "O mercado não está preparado para um reajuste deste tamanho", disse.

O impacto do aumento do insumo no setor industrial será significativo. Conforme o presidente da entidade, em indústrias eletrointensivas a energia elétrica pode responder por até 80% do custo de produção. Em empresas com menores índices de consumo as despesas com energia não são menores do que 10% do custo total.

Para Machado Junior é preciso que haja uma "conversa" entre o setor produtivo e o governo, no sentido de se encontrar uma saída para o país. Ele reclama que o governo, que devia dar o exemplo e reduzir seus gastos, está onerando a iniciativa privada. Também na sexta-feira, o governo federal retirou parte dos benefícios que desoneravam a folha de pagamento.

Informações: Diário do Comércio