Jovens são retirados de sítio em condições inadequadas em Pouso Alegre, MG

Entre os adolescentes há oito angolanos; eles estariam na cidade para participar de um seminário espiritual; polícia investiga o caso




Quarenta e um adolescentes, entre eles oito angolanos, foram retirados de em um sítio em Pouso Alegre, MG, onde estavam alojados em condições inadequadas. Os jovens estariam no local para participar de um seminário espiritual durante o feriado de Carnaval, organizado pela entidade religiosa Associação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial. No entanto, de acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Social de Pouso Alegre, Marcos Aurélio da Silva, a propriedade está passando por reforma e não tinha condições de abrigar os adolescentes. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

Segundo a Polícia Militar (PM), os jovens foram localizados depois que o Conselho Tutelar de Congonhal solicitou a ajuda dos militares para apurar a denúncia de que alguns deles estariam vendendo chaveiros para angariar recursos para a associação religiosa. Os adolescentes foram abordados nas ruas do município de Congonhal e contaram que estavam alojados em um sítio, que pertence à entidade religiosa, e fica em Pouso Alegre.
Quando chegaram ao local indicado pelos jovens, PM e Conselho Tutelar encontraram 41 adolescentes, em um ambiente sujo e bagunçado. A Secretaria de Assistência Social de Pouso Alegre entrou em contato com os responsáveis pela associação, que informou que apenas 14 deles estavam autorizados por seus responsáveis legais a permanecer no sítio, aos cuidados da equipe da entidade religiosa. “Mas a autorização dada pelos pais, segundo o nosso judiciário, não é válida, porque não está de acordo do a Lei brasileira”, explicou o secretário Marcos Aurélio da Silva.
À PM, os líderes da associação disseram que o evento era custeado pelos pais dos adolescentes e que o dinheiro arrecadado com a venda dos chaveiros era usado em "despesas corriqueiras" dos jovens. Ainda segundo a PM, Os responsáveis pela entidade religiosa foram encaminhados à delegacia de plantão da cidade para prestar esclarecimentos.
A reportagem entrou em contato com Associação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial, que tem sede em São Paulo, e foi informada de que as pessoas responsáveis por comentar o caso estão em Minas para resolver a situação. Ainda de acordo com a entidade, uma nota será enviada à imprensa nos próximos dois dias para esclarecer o ocorrido.
De acordo com Marcos Aurélio da Silva, os responsáveis pela associação religiosa estiveram em uma audiência realizada na sede do Ministério Público em Pouso Alegre, na tarde desta segunda-feira (23), na qual foram orientados sobre a documentação que devem apresentar para comprovar que os adolescentes estavam em situação legal no sítio. Ainda de acordo com o secretário, os oito angolanos tinham passaporte e a situação deles está sendo analisada pela Justiça Federal.
Segundo a Polícia Civil, o caso foi atendido no plantão e chegou às mãos do delegado regional de Pouso Alegre, Flávio Destro, no fim da manhã desta segunda-feira (23), com informações preliminares. Foi instaurado um inquérito para apurar o caso e todos os jovens que estavam no sítio serão ouvidos pela polícia no decorrer desta semana.
De acordo com Marcos Aurélio Silva, 14 jovens já foram entregues aos responsáveis. Outros 27, entre eles os oito angolanos, estão abrigados no prédio da antiga Fundação Pró-Menor de Pouso Alegre.

Fonte: O Tempo