Bloqueio de caminhoneiros já traz problemas de abastecimento em MG

Em Campo Belo, 7 dos 8 postos estão sem nenhum tipo de combustível.
Motorista perdeu 38 mil litros de leite que iriam para Três Corações MG


O protesto dos caminhoneiros chegou ao terceiro dia nesta terça-feira (24) e a paralisação já traz efeitos no abastecimento. Em algumas cidades do Sul de Minas, já falta gasolina nos postos e as cargas com alimentos já estão estragando nos caminhões parados na Rodovia Fernão Dias. Além de Minas Gerais, o protesto já atinge nove estados brasileiros.
Pelo menos dois pontos da Rodovia Fernão Dias estão interditados nesta terça-feira (24) nos trechos que cortam o Sul de Minas. Um ponto da BR-491, em Varginha MG, também chegou a passar por paralisação. Na Fernão Dias, há manifestações em Santo Antônio do Amparo MG e Perdões MG.

Já em Varginha, os caminhoneiros que protestam contra o preço dos combustíveis e o valor pago pelo serviço de frete pararam pela manhã na Avenida do Contorno, segmento urbano da BR-491. Depois, eles foram para a BR-381, no trecho de Três Corações MG.
Por causa da manifestação, alguns produtos que estão sendo transportados já estão estragando. Um motorista levava 38 mil litros de leite de Conceição do Pará MG para Três Corações MG, mas o produto estragou e a carga foi perdida
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Cargas começam a ser perdidas em manifestação (Foto: Reprodução/EPTV)




























O caminhão dirigido por Telles Junior também transporta uma carga que pode ser perdida. “Eu estou levando iogurte. Para não faltar refrigeração, tenho que ficar com o motor ligado o tempo todo. Ainda está no padrão, vou esperar, vamos ver”, disse.

Já outro motorista que transporta coco e mamão disse que a carga só suporta mais dois dias. “Se não seguirmos, vou ter que dar para o povo para não perder”, completou Arnaldo Manoel dos Santos.

Falta de combustíveis em Campo Belo
Sete dos oito postos de Campo Belo MG estão sem nenhum tipo de combustível e, no único que ainda tem, as filas para abastecer já viram o quarteirão. Isso acontece porque ele é o único posto da cidade que ainda tem combustíveis. Segundo o proprietário, que não quis dar entrevista, a gasolina já está no fim e o álcool deve durar só até a quarta-feira (25).

Sete dos oito postos de Campo Belo estão sem combustíveis (Foto: Reprodução/EPTV)
Sete dos oito postos de Campo Belo estão semcombustíveis (Foto: Reprodução/EPTV)
Neste mesmo posto houve quem ficasse na fila por mais de duas horas e um funcionário da prefeitura que tentou passar na frente para encher quatro galões de gasolina provocou confusão. “A gasolina vai para quatro ambulâncias que vão chegar de viagem e amanhã cedo devem levar pacientes a Belo Horizonte MG. Precisamos da gasolina, senão não conseguiremos levar as pessoas”, disse Marcus Vinícius.
Em outro posto, onde os combustíveis não estão chegando, o dono Fábio Herik Moreira Nunes comenta a paralisação. “Não tem como os caminhões trazerem os combustíveis e daqui a pouco vai começar a faltar outras coisas nas cidades”, comentou.

O protesto e os desentendimentos
Embora esteja no terceiro dia, há motoristas que ainda não querem aderir ao protesto, que é contra o alto preço do óleo diesel e baixo valor do frete. Segundo os motoristas, é pago R$ 600 por uma viagem de pouco mais de 300 quilômetros. “ Tem que baixar o diesel ou aumentar o frete, senão não dá para trabalhar, nem as empresas estão conseguindo”, comentou o motorista Valtertino Caetano.

Contudo, a situação fica tensa quando alguém tenta furar o bloqueio. Um vídeo gravado pelos caminhoneiros mostra quando os manifestantes quase tiram à força um motorista de dentro da cabine. Pelas imagens é possível ver que a ação só para quando ele concorda em retornar com o veículo para o fim da fila.
O motorista Arnaldo Manoel dos Santos viu tudo. “O rapaz parou o caminhão e deu tapa na cara de um senhor de 61 anos. Onde já se viu isso, um de 30 anos batendo em outro de 61?”, relatou.

A Justiça Federal acatou um pedido feito pela Advocacia Geral da União (AGU) e determinou a desocupação das estradas. A decisão judicial dá um prazo de três horas a partir da notificação dos caminhoneiros. Se a ordem não for cumprida, motoristas e demais participantes do protesto e do Movimento União Brasil Caminhoneiro podem ser multados em até R$ 50 mil por hora de ocupação. Na entidade de classe dos caminhoneiros, ninguém foi encontrado para falar sobre o assunto.


Fotos de Varginha  BR-491 (Rafael Lemes)






Fonte: G1