Cerca de mil vagas estão abertas para a Páscoa no Sul de Minas

Contratação de temporários já começou em fábricas e lojas da região.
Quase metade deve ir para a produção da Kopenhagen e da Brasil Cacau


Fábrica das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, em Extrema, MG, deve ser responsável por quase metade das contratações para a Páscoa 2015 no Sul de Minas (Foto: Ascom/ Grupo CRM)

Cerca de mil empregos temporários devem ser gerados no Sul de Minas durante o período da Páscoa 2015. A estimativa tem como base os números apurados pelo G1 junto aos lojistas e fabricantes do setor chocolateiro na região. Apenas o Grupo CRM, que reúne as marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, é responsável por quase metade dessas vagas disponibilizadas em sua fábrica, em Extrema MG.
“Para a data, o Grupo CRM contratará 100 profissionais a mais, comparando com 2014. São 720 vagas destinadas ao parque fabril e para as lojas próprias da marca”, informou a empresa por meio de sua assessoria de imprensa. O grupo ainda contabiliza a geração de 2.746 empregos para as lojas franqueadas em todo o país.
Tanto para as lojas quanto para a fábrica a seleção já começou. O processo de contratação é feito por meio de oito agências de emprego e há oportunidades para auxiliar de produção, auxiliar de vendas e motoristas.
Já a Pandurata informou que não divulga quantos temporários completam sua linha de produção em Extrema durante a campanha de Páscoa. Mas o G1 apurou que a fábrica começou a selecionar currículos há uma semana. De 150 a 200 vagas devem ser preenchidas com contratos que podem durar até 40 dias. O número de contratações é considerado próximo ao contabilizado em 2014 pela fabricante de colombas pascais das marcas Bauducco e Visconti.

Otimismo na indústria
Enquanto a Abicab (Associação da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados) é cautelosa ao falar das perspectivas para a data que chega a responder por até 30% do faturamento anual das empresas do setor, as fabricantes do Sul de Minas acreditam que 2015 será mais promissor.

Nacionalmente, a produção para o período caiu 2%. O Grupo CRM, no entanto, aumentou em 14% seus investimentos, apostando em um faturamento de R$ 1,2 bilhão neste ano com a chegada de novos itens, como o sofisticado Sweet Treasure.

Apenas o Grupo CRM incrementou em 14% sua
produção neste ano (Foto: Ascom/ Grupo CRM)
O lançamento, feito no dia 20 de janeiro durante o Salão de Páscoa da Abicab em São Paulo, apresenta um ovo de 1 Kg com chocolate, pistache, macadâmia e bombom de pimenta, acompanhado por uma pulseira de prata e pelo preço estimado em R$ 420 para o consumidor final.
A Pandurata, por sua vez, pretende entregar para os clientes 5,2 milhões de colombas pascais. É um volume estável em relação a 2014, segundo a gerente de marketing da empresa, Renata Del Claro, o que não significa que não haverá apostas.
“Este ano vamos apostar em uma renovação de portfólio, que vai contar com novidades em parceria com a Hershey’s. Estamos otimistas”, garante a gerente, que prefere manter em sigilo os detalhes dos novos produtos que começam a chegar ao mercado a partir da segunda quinzena de fevereiro.
Entre os lojistas, a aposta é de que as vendas de Páscoa se mantenham neste ano no Sul de Minas (Foto: Daniela Ayres/ G1)
Entre os lojistas, a aposta é de que as vendas de Páscoa se mantenham neste ano no Sul de Minas
(Foto: Daniela Ayres/ G1)

Páscoa enxuta nas lojas
A perspectiva de que os ganhos de 2014 se manterão na Páscoa de 2015 também existe para os lojistas. No entanto, algumas precauções foram tomadas. Elza Maria do Couto, por exemplo, decidiu continuar com as contratações temporárias e pisar no freio ao fazer os pedidos para este ano.

A empresária é dona de duas franquias dos Chocolates Cacau Brasil em Pouso Alegre MG e pretende levar para a equipe mais quatro funcionários. “Esse ano vai ser uma Páscoa mais enxuta”, avalia. “Quando fazemos os pedidos em junho, geralmente consideramos a média de vendas do ano anterior e acrescentamos 30%. Esse ano, eu não pedi esses 30%, mas acredito que teremos bons resultados”, conta.
'O otimismo de hoje é a estabilidade', avalia o empresário André Luiz Morelatti (Foto: Daniela Ayres/ G1)
'O otimismo de hoje é a estabilidade', avalia o empresário André Luiz Morelatti
(Foto: Daniela Ayres/ G1)
Na franquia pouso-alegrense da Cacau Show, o empresário André Luiz Morelatti também trabalha com a expectativa de que, pelo menos, não haverá perdas nos lucros. “O otimismo de hoje é a estabilidade”, acredita.
Morelatti abriu mão de fazer contratações e diz que comprou o mesmo volume de produtos do ano anterior. “Com o reajuste nos preços, que deve ficar próximo da inflação, acredito que o resultado em reais seja um pouco maior do que no ano passado, mas tecnicamente manteremos as vendas no mesmo patamar. Agora o mercado pode surpreender, como aconteceu no Natal, quando eu vendi 10% a mais do que em 2013.”


Apostas
De acordo com o vice-presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca, o cenário de baixo crescimento econômico, aliado à alta da inflação e dos juros, deixa o segmento de chocolates em alerta, mas não a ponto de inibir o mercado. “O preço do cacau aumentou, o cenário econômico influencia, mas pelo que sentimos dos fabricantes, há um otimismo cuidadoso”, diz Fonseca.

Dados da Abicab apontam que fábricas e lojas geraram cerca de 26,5 mil empregos no país para a Páscoa. As 2,5 mil vagas a mais do que em 2014 refletiria o crescimento no número de revendedores.

Ainda segundo a associação, o setor já produziu 20,2 mil toneladas de chocolate até o início de janeiro, o que equivale a mais de 100 milhões de ovos de Páscoa, e espera lançar 150 novos produtos para o período. Para abastecer o mercado nessa data, as fábricas costumam iniciar a produção em julho do ano anterior.


Do G1