Não, você não leu errado. O Sul de Minas, mundialmente lembrado pela qualidade do café que exporta, agora começa a ser reconhecido por outra cultura, a do vinho. Há pelo menos três marcas que merecem ser conhecidas. A Dom de Minas e Luiz Porto são duas linhas produzidas em Cordislândia pela Fazenda do Porto.
As uvas são cultivadas com a técnica dupla poda que “engana” a parreira estimulando a produção no período em que o clima é seco e frio (similar aos terroirs da Europa), entre abril e julho. O procedimento evita que a uva se desenvolva na época das chuvas (ao contrário das Serras Gaúchas) o que proporciona um diferencial aos vinhos da região. O criador desta técnica é o coordenador do Núcleo Tecnológico Uva e Vinho (EPAMIG), Murillo de Albuquerque Regina. Os vinhos podem ser adquiridos em Varginha na Distribuidora Espaço Livre (fone 35.3221-7737). Este jornalista, que não entende nada de vinho, achou que o chardonnay lembra melaço/cachaça. É bom, ao lado do Luiz Porto e do Dom de Minas merlot. Custam de R$ 28,00 a R$ 50,00. Mesma técnica é utilizada na produção do Primeira Estrada, que usa uva Syrah. As parreiras são cultivadas na Fazenda Maria da Fé, em Três Corações. A bebida é vinificada em Espírito Santo do Pinhal (SP). O vinho tem aromas de fruta negra madura, pimenta, tostado. É encontrado em bons restaurantes de São Paulo, Rio de Janeiro e até na Europa. É vendido no Restaurante Benedito (Varginha) e em Poços de Caldas, onde mora o dono da bebida (o médico Marcos Arruda), na Mercearia Líder (fone 35.3722-2489). É caro (70 reais), o que pode dificultar a competitividade com muitos vinhos da América do Sul, mas vale a pena conhecer. E em Três Pontas a Fazenda Capetinga produz o Maria Maria, em homenagem ao filho ilustre da cidade, Milton Nascimento. Também feito com uva syrah, ainda é vendido informalmente, em garrafas sem rótulo, a 20 reais. É o melhor custo/benefício. É preciso deixar o vinho “respirar” um pouco: ele exala bastante álcool no início.
Reportagem Marcus Madeira