BULLYING, A “BRINCADEIRINHA” TRÁGICA

Apresentamos hoje (01/05), mais um valioso colaborador para o Jornal i9 Minas, Antônio Augusto Lima, que assina a nova coluna “Infinito Pessoal”.
Antônio é psicólogo, publicitário e poeta, e em sua coluna serão lançados temas relacionados à psicologia, envolvendo saúde mental, relacionamentos sociais, bem-estar psíquico, questões definidoras da vida, entre a felicidade e o sofrimento. Com certeza uma contribuição significativa para o conhecimento e a reflexão de nossos leitores.

Dando continuidade ao tema já abordado por nossa colunista Susane Cabral, o primeiro artigo da coluna Infinito Pessoal tratará do BULLYING, A “BRINCADEIRINHA” TRÁGICA.






BULLYING, A “BRINCADEIRINHA” TRÁGICA

Bullying é um anglicismo, termo em inglês originário da palavra bully (valentão). O Bullying se caracteriza pela prática de violência física ou verbal, com repetição e continuidade, havendo desigualdade de poder entre vítima e agressor. O bullying á um ato criminoso, que fere a Constituição, e o código penal. Sendo assim é preciso ficar claro que o agressor, e também seus responsáveis podem ser punidos pelos seus atos. O bullying é algo que deve ser encarado com toda a seriedade, um ato que se opõe frontalmente a qualquer noção de dignidade humana, ferindo suas vítimas no âmago de suas individualidades, muitas vezes deixando marcas indeléveis, que poderão ser determinantes na história futura de vida do sujeito.

O cientista sueco Dan Olwels apresenta três características básicas para enquadrar um comportamento dentro de um quadro de bullying:

1- o comportamento é agressivo e negativo.

2- o comportamento é executado repetidamente.

3- o comportamento é praticado dentro de um relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

A vítima de bullying começa a apresentar alterações na sua conduta habitual. Nos casos de bullying escolar, é comum a presença dos seguintes sintomas: ira intensa, ataques de fúria, irritabilidade extrema, frustração frequente, impulsividade, auto-agressão, poucos amigos, dificuldade para prestar atenção, inquietude física. É preciso estar atento a estes sinais que quando apresentados em conjunto são indicadores que a criança pode estar sofrendo algum tipo de violência. O bullying também pode ser praticado no local de trabalho, na família, ou qualquer lugar onde haja seres-humanos se relacionando.

Como as violências mais comuns praticadas em casos de bullying, podemos citar:

1- insultos ‘a vítima

2- ataques ‘a propriedade da vítima (cadernos, mochilas, dinheiro, etc)

3- agressões físicas

4- humilhações públicas

5- cyberbullying, uma insidiosa prática de bullying onde a vítima é ridicularizada em ambientes virtuais, através da criação de páginas fakes, utilização de fotos, criação de posts humilhantes etc.

6-isolamento social da vítima

7- indispor a vítima em relação ‘as outras pessoas.

8- insultos em relação ‘a família da vítima

Uma pesquisa da Abrapia, realizada junto aos alunos do ensino fundamental do Rio de Janeiro, revelou que 40,5 % dos 5.870 alunos entrevistados estão envolvidos de alguma maneira com o bullying, seja como vítima ou agressor. Os casos de tiroteios em escolas americanas durante a década de 90, como os de Columbine, tiveram como motivadores violências agudas praticadas contra os agressores. Típicos casos em que a vítima se transforma em agressor. Mais recentemente, no Rio de Janeiro, no caso que ficou conhecido como o” Massacre de Realengo", em que doze alunos foram mortos, o atirador revelou em vídeos posteriormente encontrados pela polícia, que a motivação dos crimes foi o bullying que sofreu, e creditava aos seus agressores e testemunhas impassíveis das violências sofridas por ele como co-autores dos disparos.

Apesar de nem todos os casos de bullying culminarem em assassiantos ou suicídios, não podemos considerar menos trágico o comprometimento da trajetória de vidas das vítimas muitas vezes impedidas de alcançarem um destino com um mínimo de satisfação e dignidade devido aos traumas sofridos. O bullying abala a auto-estima das pessoas, destrói a auto-confiança, dando ‘as vítimas uma sensação de perda de controle de suas vidas, o que pode se arrastar por toda uma existência.

Bullying não é brincadeira, apesar de muitas vezes surgir mascarado de brincadeirinha. Os alunos devem ser estimulados nas escolas a intervir prontamente caso testemunhem alguma prática de bullying. Professores e diretores das escolas devem se conscientizar da gravidade do bullying, ficando sempre ao lado da vítima, apoiando, orientando e tomando as medidas cabíveis. O bullying deve ser combatido em frente ampla, reunindo pais, professores, alunos, funcionários e direção das escolas no objetivo comum de erradicar esta prática que tem se demonstrado um verdadeiro atentado contra a integridade e dignidade humana. Não podemos mais fechar os olhos para a violência, nem a considerarmos coisa corriqueira diante de sua banalização. Caso contrário, a “bricadeirinha” pode se tornar uma tragédia irreversível.



Antônio Augusto Lima
(psícólogo)

Fontes:
Wikipédia
Site Educacional
Portal bullying
Brasil Escola