'A epidemia no Sul de MG começou agora', avalia professor da Unifal sobre Covid-19

Segundo professor, cenário é ainda de incertezas e exige cuidados da população; só 12 cidades ainda não têm casos.


"A epidemia na nossa região praticamente começou agora". A afirmação é do professor de epidemiologia e saúde coletiva da Universidade Federal de Alfenas, Marcos Bissoli. Para ele, o cenário ainda é de incertezas. Ele explica que estamos no auge da pandemia na região e as curvas de casos influenciam as ações e cuidados da população.


"Enquanto em alguns locais no Brasil, que têm aeroportos, que têm portos, a curva começou primeiro e talvez comecem a descer primeiro, as nossas começaram depois, as nossas curvas têm um atraso de início e obviamente teremos um atraso de fim. A epidemia na nossa região praticamente começou agora. Nós tivemos muitos cuidados talvez no início, quando ela ainda estava chegando no Brasil, estava longe de chegar aqui e agora nós achamos que nós estamos imunes e nós não estamos, a epidemia está começando agora", disse o pesquisador.


Doze cidades do Sul de Minas seguem sem nenhum caso registrado de Covid-19 após mais de quatro meses do primeiro caso registrado na região. Mas este número vem ficado menor a cada dia. Nesta quarta-feira (29), Sapucaí-Mirim e São Sebatião do Rio Verde tiveram os primeiros casos confirmados pelo Estado.


Há dois meses, no Sul de Minas, 73 cidades não tinham nenhum caso confirmado de Covid-19. Nesse período, 61 delas registraram os primeiros casos da doença.



Para chegar até aqui sem nenhum caso, o município de Dom Viçoso teve que mudar a rotina.


"Regulamentação e avaliação semanal de estratégias e ações pelo comitê gestor de combate à Covid. Barreiras sanitárias foram necessárias, comércio e população, uso obrigatório de máscara. Fiscalização ativa, evitando aglomerações, proibição de festas particulares, isolamento de famílias que recebem ou receberam visitantes de outras localidades", disse o gestor de saúde de Dom Viçoso, Jailson Palma.


Na cidade de Consolação a doença também não chegou. Medidas parecidas foram tomadas e deram resultado.


"A gente fez no início dois meses de barreira sanitária, depois que o vírus estava nas cidades vizinhas, já não teria como mais continuar com as barreiras, já que os munícipes precisaram sair para as cidades vizinhas. A gente fez reunião com comerciantes, onde a gente decidiu os horários de funcionamento e medidas sanitárias dentro dos comércios. Foi feito um decreto, com o uso obrigatório de máscaras nos estabelecimentos e a recomendação de máscaras nas vias públicas", disse a secretária de Saúde de Consolação, Selma Aparecida Nogueira.

As cidades que não registraram casos da doença têm em comum o pequeno número de moradores, o que pode representar uma menor circulação de pessoas. Mas essa não é uma característica que funciona sozinha para a prevenção, já que outras cidades com esse perfil registraram casos do novo coronavírus.


Por enquanto não registraram nenhum caso os seguintes municípios:

Alagoa
Areado
Carvalhos
Consolação
Dom Viçoso
Fama
Gonçalves
Liberdade
Marmelópolis
São Tomé das Letras
Seritinga
Soledade de Minas

Para o professor da Unifal, a cooperação das pessoas é essencial para que o vírus não se espalhe.

"Esses municípios que ainda não apresentam a doença, muito provavelmente vão apresentar a doença em breve, a não ser que tenhamos um coletivo de mudança de postura na sociedade mineira e do Sul de Minas", disse o professor.

Fonte: G1 Sul de Minas