Em ensaio, mães pedem fim do preconceito por amamentar filhos em locais públicos em MG

Sessão fotográfica reúne mães para alertar sobre importância da amamentação em Poços de Caldas (MG)





Uma sessão de fotos para alertar sobre importância da amamentação mobilizou diversas mamães com seus filhos em Poços de Caldas (MG). Por isso, um grupo de apoio ao parto, amamentação e maternagem da cidade, o Círculo Materno, resolveu unir as mulheres que sustentam que o aleitamento materno deve ser encarado com naturalidade. As fotos agora deverão virar uma exposição itinerante.

As fotos foram feitas em meio à natureza pela fotógrafa Jennifer Bueno, que ainda não tem filhos, mas que segundo uma das organizadores da iniciativa, a nutricionista Eliza Sampaio Quinteiro, consegui captar o momento entre as mães e as crianças.

"Todas as mulheres que participaram são mulheres muito fortes, mulheres que decidiram enfrentar as dificuldades e as situações adversas e seguiram amamentando. Foi um clima muito gostoso, de muita paz. Rolou piquenique, muitas conversas, muitas fotos, foi uma confraternização", disse Eliza sobre o clima durante a sessão de fotos.




Ainda segundo Eliza, a ideia é mostrar que muitas mulheres ainda lutam para amamentar seus filhos em locais públicos sem ser alvo de preconceito ou vergonha.

"A ideia de promover a amamentação como ela é, um ato absolutamente natural, fisiológico porque nós somos mamíferos. Tanto é que a maioria das mulheres que participaram estão com as mamas expostas, porque é assim que funciona pra você amamentar uma criança", disse a nutricionista.



A nutricionista, que é mãe de duas crianças, ainda salienta a importância do aleitamento materno para o desenvolvimento do bebê. "Enquanto profissional de nutrição eu tenho bagagem pra falar que o leite materno é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o alimento mais completo da natureza. E sem contar que a amamentação tem um papel muito importante na minha vida, porque eu ainda amamento o Arthur, meu filho que tem 4 anos", completou Eliza.


As fotos podem virar ainda uma exposição itinerante. "Na semana Mundial de Aleitamento Materno, em agosto, queremos realizar algumas exposições. Nossa ideia é andar com essas imagens pela cidade para trabalhar essa questão da amamentação e do preconceito, porque a gente vê mulheres semi-nuas em outdoors, mas a gente não pode expor a nossa mama para amamentar a nossa criança", conclui a mãe de Arthur.




"A gente acredita em um tipo de vínculo que a amamentação fornece para o binômio, mamãe e bebê, que nenhum outro tipo de relação vai trazer", disse Eliza.

Diante da iniciativa que surtiu efeito positivo na cidade, o G1 Sul de Minas foi atrás de algumas mães para saber como foi participar das fotos e como a amamentação é encarada por elas. Confira o resultado emocionante de cada depoimento.


Ato de amor


Ana Paula Stano Casalinho, de 35 anos, é mamãe da Lila de 1 ano e 3 meses. Segundo a educadora física, amamentar é mais que um ato de alimentar, é um ato de amor.

"Vai muito além do ato de nutrir a Lila, de amamentá-la. É uma emoção que chega a ser inexplicável, porque você sentir aquele bebê no seu peito, perceber o olhar do bebê pra você, é um toque de amor, é um toque de carinho", disse Ana Paula.





"Amamentar pra mim é amor, simplesmente amor", disse Ana Paula, mãe da Lila.

Ato de orgulho

Assim como Ana Paula, mamãe de primeira viagem, quem também foi focada pelas lentes da câmera foi Bianca Teixeira, mãe de Benjamin. Para ela, poder oferecer alimento ao filho é algo de muito orgulho.

"Enquanto grávida eu não tinha nem ideia do quanto era rico, valioso, importante e prática a amamentação exclusiva. Hoje, vejo o poder que nós, mulheres, temos em poder gerar o próprio alimento e tudo que o bebê precisa saindo do nosso próprio corpo", disse Bianca.

 

Ato mágico


Já a nutricionista Cléo Oliveira Bueno Tavares, mãe do pequeno Lucca, de 2 anos, acredita que o momento de dar de mama ao filho é mágico.

"É um momento mágico, de ligação, de comunicação... a amamentação não é só alimento, é acalento, paz, saúde, amor. Além dos momentos de fome, traz a calmaria. Em momentos de angústia ou raiva, alivia dores. Amamentar também ajuda em momentos de euforia e também com brincadeiras", relatou Cléo.


Dificuldades


Entretanto, muitas destas mães admitem que amamentar não é tão fácil. Segundo a maioria delas, a adaptação do corpo da mulher é dolorosa, leva tempo e ainda existe o tal do preconceito sobre o fato de que para amamentar a mulher precisa deixar uma ou até as duas mamas à mostra. Sobre as dificuldades, cada uma retratou de uma forma. Confira os relatos abaixo.

"A amamentação não é sempre linda e fácil, o início é cruel... a mãe ainda não sabe amamentar e o seio ainda não está preparado e, ao contrário do que pensamos, o bebê nem sempre nasce sabendo como mamar, por isso acabam mãe e o bebê sofrendo juntos. Dói. Dói muito!" , relatou Cléo, mãe do Lucca.


"Amamentar não é a coisa mais simples do mundo, a gente tem que parar de romantizar isso. Eu brinco que eu daria à luz há inúmeras crianças sem dificuldade nenhuma, mas começar a amamentar é um ato de guerra, força de vontade, determinação... porque não é fácil. Enquanto todo meio externo vai contra você, você continua firme e forte", disse Ana Paula, mamãe da Lila.


Fonte: G1 Sul de Minas