O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse em entrevista ao vivo ao EPTV 1 desta segunda-feira (22) que apesar do aumento de casos de Covid-19 e a previsão de pico até 15 de julho, que o mineiro não ficará sem assistência médica. Segundo o governador, apesar da taxa de 90% de ocupação de leitos, o estado está equipado para o pior.
"Historicamente, o sistema de saúde, em muitas regiões, sempre operou com 80, 90% de ocupação. Nós estamos fazendo todos os remanejamentos necessários, estruturando melhor o transporte, caso uma região venha a ficar sem condições de atender alguém, haverá transporte disponível. Então eu quero deixar claro que precisamos sim tomar o maior cuidado, mas o mineiro está com atendimento médico assegurado", disse o governador.
O governador também disse que todas as possibilidades estão sendo estudadas para que não falte atendimento e que o transporte para outras regiões é a última delas.
"Nós estamos acompanhando regiões que demandarem mais leitos de UTI´s, equipamentos como respiradores, serão atendidas. O transporte só será usado como última alternativa. Nós queremos preferencialmente que o paciente fique na sua região. Se ele não puder ficar, se a região já estive sem condições de atender, ele irá primeiramente para uma região vizinha, até por uma questão de facilidade da família estar acompanhando. E caso não seja viável, aí sim ele poderá vir para a capital. Mas eu quero deixar muito claro, nós estamos calibrando todos esses recursos de acordo com cada região do estado. O sistema está muito mais ocupado que há um mês, mas ele ainda tem uma margem de segurança, nós temos que deixar isso muito claro", disse o governador.
Segundo Romeu Zema, especialistas já haviam previsto o aumento de casos durante as próximas três semanas e por isso, o ideal é que cada prefeito trabalhe em conjunto com o estado para saber qual o melhor caminho a seguir. Ele ressaltou que há regiões mais seguras e outras menos.
"Nós fizemos há 45 dias os protocolos de segurança, o Minas Consciente e cabe a cada prefeito, a cada região de saúde estar avaliando junto com a nossa secretaria o melhor caminho a seguir. Hoje eu já tenho notícias que várias cidades como Uberlândia, Patos de Minas, Araxá, estão somente com as atividades essenciais em funcionamento, porque os prefeitos dessas cidades e outros das regiões que abrangem essa cidade, acharam por bem não estar arriscando, principalmente devido à falta de anestésico, que está faltando no mundo todo. Vale lembrar que cada cidade, cada região tem sua particularidade, o Estado tem orientado, eu tenho acompanhado pessoalmente várias vezes por dia o que está acontecendo e não dá para generalizar, há regiões mais seguras e outras menos", disse o governador.
Uma das preocupações, segundo Zema, é a falta de anestésicos. Ele disse que o governo tem tentado inclusive a compra no exterior dos medicamentos, que estão em falta.
"Essa situação nos preocupa muito, porque é impossível entubar e tratar as pessoas, principalmente aquelas que vão para a UTI e o respirador, sem o anestésico, ele é fundamental. Nós temos tentado de todas as formas ampliar o estoque, mas muitas cidades, no interior do estado principalmente, estão com os estoques reduzidíssimos, apenas para sete dias, dez dias, como é o caso que eu comentei da região do Triângulo Mineiro, onde várias cidades já fecharam. Nós temos feito tudo o que está ao nosso alcance, temos conversado com o Ministério da Saúde, temos inclusive tentado adquirir no exterior, mas devido à pandemia ser algo global, muitos países aumentaram as compras, aumentaram os seus estoques e acabou que esse produto, nesse momento, está em falta. Mas eu espero que a situação se normalize logo porque nós temos vários fornecedores, que são capazes de ampliar a sua produção", disse o governador.
Zema ressaltou que Minas Gerais até o momento apresenta o segundo melhor desempenho do Brasil em relação a óbitos por 100 mil habitantes, perdendo apenas para Mato Grosso do Sul. Segundo ele, para que o estado continue sendo seguro, medidas mais restritivas podem ser tomadas.
"Minas Gerais foi e continua sendo um estado seguro e o que nós queremos é manter essa segurança e para ser que para manter nós possamos vir a fazer uso de medidas mais drásticas, vale lembrar que essas medidas são tomadas pelos prefeitos. As próximas três semanas serão decisivas para o Estado e daí a gente estar pedindo uma cautela redobrada, vale lembrar que desde o início da pandemia nós fortalecemos muito o sistema de saúde, são mais de 900 UTIs em todo o estado, foram mais de mil respiradores adquiridos novos, mais de 400 recuperados e o hospital de campanha que até o momento não precisou ser utilizado,
Como estamos lidando com algo imprevisível e perigoso, toda a cautela é pouco. Daí o nosso clamor para que o mineiro não facilite, nós ainda não terminamos a guerra, já vencemos muitas batalhas e temos muito a vencer ainda.
Segundo o governador, no entanto, é pouco provável que o estado adote uma medida drástica como o lockdown, já que cada região tem sua particularidade.
"Muito pouco provável, nós temos de citar que esse tipo de procedimento pode ser feito avulso, regionalmente em algumas cidades onde a situação estiver crítica, mas eu acho muito pouco provável nós termos algo que venha a incluir todo o estado, deve ser feito sim por cidade, regionalmente e em tempos diferentes. Hoje quem está pior é Uberlândia, amanhã pode ser que seja outra cidade, isso sim vai estar acontecendo", disse o governador.
Segundo Zema, por Minas Gerais estar em uma posição mais confortável de combate à Covid-19, o estado recebeu menos testes para a doença que outros estados. No entanto, todos os municípios receberam remessas da Secretaria de Saúde.
"Como nós estamos com a curva em evolução, subindo, muitos prefeitos têm optado para deixar para utilizar esses testes de agora até o dia 15 de julho, mas eu posso afirmar que todo mineiro que procurou a rede hospitalar, que apresentava algum tipo de sintoma, foi testado. E vale lembrar que o nosso número de testes é menor porque nós somos um estado também menos atingido, isso acaba contribuindo para que menos pessoas façam testes", disse Zema.
Fonte: G1 Sul de Minas
