Vereadores encaminham projeto para proibir charretes na área urbana em Poços de Caldas

Proposta sugere a criação de um plano para recolocar os charreteiros em outras atividades.





Vereadores de Poços de Caldas (MG) encaminharam ao prefeito um anteprojeto de lei para proibir as charretes na área urbana da cidade. A proposta sugere a criação de um plano para recolocar os charreteiros em outras atividades.

"Encaminhamos um anteprojeto de lei ao Executivo proibindo a exploração de tração de animais no município de Poços de Caldas dentro da área urbana, porque hoje o município não comporta mais cavalo, tração animal, no trânsito caótico que a gente está vivendo e é importante lembrar que a gente tem essa preocupação não só em relação aos animais, mas em relação às pessoas que trafegam no município de Poços de Caldas", disse a vereadora do PT, Maria Cecília Opípari.

O anteprojeto, assinado por cinco vereadores de oposição e também da base do governo, permite a atividade na zona rural e o uso dos animais em haras ou para equoterapia.

"O Executivo tem que elaborar um projeto de transição, contando com ajuda de parceiros e até secretarias chaves. A gente fala do desenvolvimento econômico do trabalho, a gente fala da Secretaria de Saúde, a Secretaria de Promoção Social, todas que puderem de alguma maneira se envolver nesse processo e garantir trabalho e renda dessas pessoas", disse o vereador do PSDB, Gustavo Bonafé.

A prefeitura afirma que ainda não recebeu a proposta, mas reconhece que o assunto precisa ser discutido.

"O Executivo é quem tem condições de estabelecer estudos específicos de quanto isso impacta no turismo da cidade, qual o impacto disso nas famílias dos charretistas e criar um plano de transição baseado em cima desse mapeamento, desse estudo", disse o vereador da REDE, Lucas Arruda.

A prefeitura afirma que ainda não recebeu a proposta, mas reconhece que o assunto precisa ser discutido

"É uma decisão que eu pretendo tomar esse ano, independente de qualquer coisa, isso já seria tomado mesmo, é mais um problema que vem sendo arrastado há muito tempo, a gente ter uma decisão o que vai ser feito, da melhor forma possível, tanto para a cidade, como para a população, como para quem vive disso, enfim, para que ninguém seja prejudicado de nada, mas que seja o melhor para a cidade", disse o prefeito Sérgio Azevedo (PSDB).

No ano passado, a Associação dos Protetores dos Animais de Poços de Caldas ingressou com uma ação pedindo a suspensão das atividades das charretes. O pedido foi baseado principalmente em um laudo que teria apontado que os animais estavam com tendinite crônica, por excesso de trabalho e peso, além de estarem desnutridos. A Justiça negou o pedido em 1ª instância.

"Agora a ação está em uma fase de apelação. São quase 800, mais de 1 mil páginas de ação, a juíza infelizmente se manifestou em duas laudas e meia, reconhecendo de certa forma os maus tratos, mas dizendo que o Judiciário, entre aspas, não teria a ver com isso, a gente deveria cobrar do poder Executivo", disse o advogado da APPA, Lúcio Corrêa Cassila.

A Associação dos Charreteiros afirma que o serviço tem mais de 100 anos de tradição e nega que haja maus tratos aos animais.

"A associação reforça que se preocupa com o bem estar dos animais e a nossa atuação tem sido nesse sentido e eventualmente caso um charretista ou outro pratique maus tratos, ele é afastado, ele é excluído da associação, nós não permitimos que ele represente toda a classe", disse o assessor jurídico da associação, Alexandre Celioto Contin.

A associação entende ainda que o anteprojeto dos vereadores é inconstitucional.

"As charretes são um veículo de tração animal que estão presentes no Código de Trânsito Brasileiro, então o município não pode proibir a circulação de um veículo que está disposto em lei federal", disse o assessor.

Fonte: G1 Sul de Minas