Gás de cozinha está em média R$ 11 mais caro em Minas

Primeiro reajuste da Petrobras desde 2002 fará do botijão o vilão da inflação


O bolo nosso de cada dia vai ficar mais raro. Desde desta terça, o consumidor já está pagando entre R$ 10 e R$ 11 a mais pelo botijão de 13 quilos de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Foram dois reajustes de uma vez só: 15% da Petrobras, que desde 2002 não aumentava o preço; mais 10% de repasse de aumento de custos das distribuidoras. A combinação caiu como uma bomba para o consumidor, e vai garantir ao gás o posto de vilão da inflação de setembro. "Só os 15% vão fazer o gás contribuir com 0,14 ponto percentual no IPCA", destaca a coordenadora do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead/UFMG), Thaize Martins.

"As vendas caíram. Teve gente que, quando falei o novo preço, desligou o telefone na minha cara. De cada dez que ligaram, três desistiram", conta o revendedor Elber Meira, que tem um depósito no Alípio de Melo, na região da Pampulha. Lá, o preço subiu de R$ 53 para R$ 60. "Estou há 30 anos no ramo e nunca vi um aumento tão alto. Foi o maior de todos os tempos", afirma.

O dono do depósito Mendes, no Vale do Jatobá, região do Barreiro, Gilberto Mendes, vai repassar o aumento hoje. "Mesmo antes de subir, minhas vendas caíram nesta terça-feira. A tendência é essa, ainda mais que hoje tem equipamentos como panelas elétricas, que as donas de casa acabam usando para economizar gás", diz.

O presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR), Alexandre Borjaili, ressalta que o aumento, além de surpreender os depósitos e os consumidores, foi maior do que deveria. "O aumento de 15% deveria ter sido calculado com base no preço que a distribuidora paga à refinaria, que é de cerca de R$ 11. Então tinha que ser só R$ 1,65. Mas eles calcularam em cima do preço que a revenda compra da distribuidora, que é em torno de R$ 35. E ainda teve o repasse de custos das distribuidoras, de 10%, alegando que tiveram que aumentar salários", explica. O reajuste garante à Petrobras receita extra de R$ 105 milhões por mês, considerando a venda média mensal de 35 milhões de botijões.

Fonte: Noticia Interativa Virtual